domingo, 15 de dezembro de 2013

http://surgiu.com.br/noticia/36952/jovens-assentados-debatem-territorios-digitais-na-rio20.html

As Casas Digitais e o acesso à internet gratuita foram portas que se abriram no sertão do Ceará, trazendo conhecimento, comunicação e oportunidades – via web -, para famílias residentes em comunidades rurais isoladas pela distância e que, até pouco tempo atrás, só contavam com o serviço de telefonia pública.
Essa foi a conclusão de quem participou da roda de conversas promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na tarde desta segunda-feira (18), no pavilhão 2 do Píer Mauá, dentro da programação de eventos da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro.
O evento mostrou ao público as mudanças positivas na realidade do assentamento Santana, no município de Monsenhor Teles, e na comunidade de Vila Malhada, em Crateús, ambos no Ceará, a partir da chegada do Programa Territórios Digitais, criado em 2008 pelo MDA. A iniciativa nasceu com o objetivo de promover a inclusão digital nas áreas rurais por meio da implantação espaços públicos (Casas Digitais) para acesso gratuito aos computadores e à internet.
Gestora e facilitadora da Casa Digital criada em 2003, no assentamento Santana – que serviu de piloto para todo o programa de inclusão digital do MDA – Ivaneide Santos, 24 anos, compartilhou com os participantes do debate a experiência de sua comunidade a partir da chegada da internet.
Para ela, itens como facilidade de comunicação, possibilidade de troca de experiências e, principalmente acesso à educação, foram os principais ganhos de sua comunidade a partir do contato com a internet. Mas a influência que a comunicação digital exerceu sobre os mais jovens foi o grande destaque por combater um mal que afligia o país há décadas: o êxodo rural.
“O êxodo dos jovens da nossa comunidade para as cidades grandes praticamente zerou porque eles agora encontram novas possibilidades de crescimento pessoal. Isso levou a um maior interesse pelo estudo. O resultado é que hoje temos vários jovens com formação superior que vivem e trabalham na nossa comunidade e outros que já até cursam pós-graduação, à distância, graças a nossa Casa Digital”, afirmou.
Já na opinião de Rejane Bernardo Teixeira, 22, facilitadora da Casa Digital de Vila Malhada, um dos aspectos mais importantes da Casa Digital em sua comunidade é a facilidade para acessar os benefícios da comunicação digital.
“A gente tinha que andar 18 quilômetros até a sede do município para acessar a internet. Pesquisas escolares, trabalhos profissionais e outros tipos de consultas eram difíceis porque a pessoa ficava desanimada em se deslocar tanto”, disse Rejane. “Agora, com a Casa Digital em funcionamento, não somente a nossa gente acessa a internet com facilidade, como também pessoas das comunidades do entorno, inclusive alunos de escolas próximas, também utilizam o nosso espaço. Ou seja, um programa que beneficia também outras pessoas”, completou.
A divulgação da produção local e expansão do mercado consumidor também foram resultados conquistados pelos trabalhadores do assentamento Santana, com a chegada da internet. Eles criaram um blog na rede (www.assentamentosantanamt.blogspot.com) por meio do qual apresentam notícias sobre acontecimentos da comunidade, divulgam os produtos da agricultura familiar e conquistam novos consumidores. “E assim naturalmente, se vende mais e se gera mais renda”, comemorou Ivaneide Santos.
A vontade de que o projeto tenha continuidade, aliada à sede de conhecimento, levou os gestores do espaço digital do assentamento Santana a criar uma gráfica cujo lucro é investido, exclusivamente, na manutenção dos equipamentos da Casa Digital, garantindo assim a autonomia dos assentados com relação aos recursos financeiros.
Segundo a mediadora do debate e coordenadora do Programa Territórios Digitais, Rossana Moura, 134 Casas Digitais estão em funcionamento em comunidades rurais e assentamentos em todas as regiões do país.
A meta do programa, desenvolvido em parceria com o Ministério das Comunicações, é instalar mais 2017 casas, levando inclusão social e digital aos rincões mais distantes do país. “Acima de tudo trata-se de contribuir para que o trabalhador rural se torne agente desse processo profundo de mudança da realidade pelo qual passa o meio rural brasileiro. Para isso ele precisa ter acesso à educação e ao conhecimento das políticas públicas, para que tenha condições de fazer valer sua voz na defesa dos seus direitos”, afirmou Rossana Moura.

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