quarta-feira, 16 de outubro de 2013

PROJETO TERRITÓRIOS DIGITAIS: O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA DO BRASIL


How to cite: 
MOURA, Rossana C. O; LIMA, Heliomar M. Projeto Territórios Digitais Projetos territórios Digitais: o processo de implantação nos territórios da cidadania do Brasil. In: XII Congresso Internacional Galego-Português de   Psicopedagogia Instituto de Educação da UMinho, Campus de Gualtar. Universidade do Minho: Braga, Portugal, 2013.


Rossana Coely de Oliveira Moura
Heliomar Medeiros de Lima


ISCSP/UL
FC/UL

rcomoura@gmail.com


RESUMO: O presente estudo insere-se num plano de investigação-ação sobre a inclusão digital no Brasil em que é comum nos depararmos com conceitos equivocados como sendo tão somente disponibilizar computadores aos indivíduos e apenas ensiná–los a usar um navegador Internet e pacotes de escritório. Nesse sentido se torna primordial investigar políticas de inclusão digital, no que tange os processos de implantação das casas digitais, como também a importância de cada passo respeitando as características locais, ressaltando a importância da participação social da comunidade nas etapas física e/ou lógica da chegada nas comunidades beneficiárias que receberam o projeto e onde se localizam 60 das áreas com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. Neste artigo descrevemos as pesquisas com o  Projeto Territórios Digitais que foi lançado em 2008, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento rural sustentável por meio da apropriação das tecnologias disponíveis. O objeto de estudo - Casas Digitais - são espaços públicos e gratuitos localizados nos Territórios da Cidadania, com acesso a computadores e internet - para uso comunitário de assentados e assentadas, agricultores e agricultoras familiares, povos e comunidades tradicionais residentes nos territórios rurais. De acordo, com dados obtidos na análise documental e com dados da pesquisa qualitativa com observações diretas destacamos a importância do projeto tendo em vista, apresentar novos caminhos por meio das TICs, assim seja possível vislumbrar soluções práticas que melhorem a vida do homem do campo e promova o desenvolvimento territorial local.


Introdução

O presente artigo investiga as  políticas de inclusão digital, no que tange aos processos de implantação das casas digitais, num plano de investigação-ação  nas cinco regiões do Brasil. Nesse sentido é comum nos depararmos com conceitos equivocados, sobre a Inclusão Digital, como sendo tão somente disponibilizar computadores aos indivíduos e apenas ensiná-los a usar um navegador Internet e pacotes de escritório, como também à importância de cada passo respeitando as características locais, ressaltando a relevância da participação social da comunidade nas etapas física e/ou logística da chegada nas comunidades beneficiárias que receberam o projeto e onde se localizam 60 das áreas com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. Aqui está descrito como o Projeto Territórios Digitais, lançado em 2008, foi detalhadamente planejado e implantado nas cinco regiões do pais.
As Casas Digitais são espaços públicos localizados nos Territórios da Cidadania, que devem dispor de energia elétrica e segurança adequada para receber os equipamentos de informática (computadores, servidor, antena via satélite, roteador wireless, datashow e mobiliário). São escolhidas pela própria comunidade e tornar-se-ão ponto de acesso comunitário gratuito de assentados e assentadas, agricultores e agricultoras familiares, comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A ideia central é garantir ao público-alvo a universalização do acesso às tecnologias de informação e comunicação e à rede mundial de computadores.
Para tanto, o Projeto foi aplicado nas cinco regiões, que de acordo com o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2011),  reuniu em agrupamentos unidades da federação com traços físicos, humanos, econômicos e sociais comuns, com o propósito de ajudar as interpretações estatísticas, implantar sistemas de gestão de funções públicas de interesse comum ou orientar a aplicação de políticas públicas dos governos federal e estadual. Atualmente, existem cinco regiões oficiais: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul essa classificação ajuda no planejamento de políticas voltadas para as regiões com necessidades semelhantes. A última alteração ocorreu em 1988, quando o Tocantins foi desmembrado de Goiás e incorporado à região Norte.
 Essa contextualização é fundamental para entendermos melhor o porquê do projeto  territórios da cidadania, com suas especificidades e a realidade tão diversa das  cinco regiões brasileiras, como também compreender o que o projeto pode promover de desenvolvimento para o homem do campo e que apresentamos uma breve descrição  da divisão geográfica do Brasil.
Destacamos a importância do projeto, tendo em vista apresentar novos caminhos por meio das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), para que assim seja possível vislumbrar soluções práticas que melhorem a vida do homem do campo e promovam o desenvolvimento territorial local. Para entendermos melhor o porquê do projeto não ser implantado de forma linear, para tanto é preciso entender como se divide o Brasil geograficamente.
A Região Norte é uma das cinco regiões do Brasil definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Possui uma área de 3.869.637 km², sendo a maior do país em extensão territorial, superior à área da Índia e pouco inferior à União Europeia. Sua população, de acordo com o IBGE, era de 16,3 milhões de habitantes em 2012, equivalente à população do Chile, e seu IDH médio, próximo ao da Venezuela. Em comparação com as outras regiões brasileiras, tem o segundo menor IDH e o menor PIB (em 2010).
Formada por sete estados, a saber: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, suas maiores e principais cidades são Manaus, Belém e Porto Velho. Está localizada na região geoeconômica da Amazônia, entre o Maciço das Guianas (ao norte), o planalto Central (ao sul), a Cordilheira dos Andes (a oeste) e o oceano Atlântico (a nordeste). O clima predominante na região é o equatorial, com exceção apenas no estado de Rondônia, no sul do Amazonas e no norte do Pará, onde o clima registrado é o tropical.
A região Nordeste é uma das cinco regiões do Brasil definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Possui área equivalente à da Mongólia ou do estado do Amazonas, população equivalente à da Itália e um IDH médio, próximo ao de El Salvador. Em comparação com as outras regiões brasileiras, tem o terceiro maior território, o segundo maior colégio eleitoral (36.727.931 eleitores em 2010), o menor IDH  e o terceiro maior PIB (em 2010).
Em função de suas diferentes características físicas, a região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano ao longo de suas zonas geográficas.
É a região brasileira que possui o maior número de estados (nove no total): Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha e o Arquipélago de São Pedro e São Paulo), Rio Grande do Norte (incluindo a Reserva Biológica Marinha do Atol das Rocas) e Sergipe.
A região Nordeste foi o berço da colonização portuguesa no país, de 1500 até 1532, devido ao descobrimento por Pedro Álvares Cabral com o objetivo de colonização exploratória, que neste caso consistia em extrair pau-brasil, cuja tinta da madeira era utilizada para tingir as roupas da nobreza europeia. Com a criação das capitanias hereditárias, deu-se o início da construção da primeira capital do Brasil, Salvador, em 1549. Desde o início, foi criado o governo-geral no país com a posse de Tomé de Sousa. O Nordeste foi também o centro financeiro do Brasil até meados do século XVIII, uma vez que a Capitania de Pernambuco foi o principal centro produtivo da colônia e Recife a cidade de maior importância econômica.
A Região Centro-Oeste é dividida em 4 unidades federativas: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, onde fica Brasília, a capital do país. Com uma área de 1.606.371,505 km², a Região Centro-Oeste é um grande território, sendo a segunda maior região do Brasil em superfície territorial. Por outro lado, é a região menos populosa do país e possui a segunda menor densidade populacional, perdendo apenas para a Região Norte. Por abrigar uma quantidade menor de habitantes, apresenta algumas concentrações urbanas e grandes vazios populacionais. É a única região brasileira que faz fronteira com todas as demais.
A região Sul do Brasil é a menor das regiões do país. Sua área terrestre é de 576 409,6 km², 4 vezes superior à da França mas menor do que a do estado brasileiro de Minas Gerais. É formada por três estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Possui o segundo maior IDH e é a terceira região mais populosa. Limita-se ao sul com o Uruguai; a oeste com a Argentina e o Paraguai; a noroeste e ao norte com os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo; a leste com o oceano Atlântico. É a única região do Brasil localizada fora da zona tropical, com variações nítidas quanto às estações, porém a parte norte situa-se acima do Trópico de Capricórnio. No inverno, há formação de geadas e neve. O relevo é pouco acidentado, com predominância de um vasto planalto, em geral pouco elevado.

A região Sudeste do Brasil é a segunda menor região do país, sendo maior apenas que a região Sul. A área real ocupa aproximadamente 924 510 km², 1/10 da superfície do Brasil. É composta por quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. É a região mais populosa e a que possui maior IDH médio. Limita-se ao norte e a nordeste com a Bahia; a leste e ao sul com o oceano Atlântico; a sudoeste com o Paraná; a oeste com Mato Grosso do Sul; a noroeste com Goiás e o Distrito Federal. Para se fazer essa divisão foram usados critérios como semelhanças naturais, tais como relevo, clima, vegetação e solo, bem como afinidades socioculturais.
É o centro vital do país. Nela estão as maiores cidades, a maior densidade populacional, os maiores depósitos de minério de ferro, as maiores hidrelétricas, a maior rede rodoferroviária e os melhores portos. É a mais importante região industrial, comercial e financeira do país. Emprega 70% do operariado brasileiro e usa 85% do total da energia elétrica consumida no Brasil. O relevo é bastante acidentado, com predominância de planaltos. O clima é tropical, entre temperado e quente, com grandes variações locais. Algumas áreas têm vegetação pobre e rasteira; outras são cobertas por florestas tropicais úmidas. A região é um verdadeiro centro dispersor de águas. Há várias bacias fluviais, com rios correndo em várias direções.
A região Sudeste começou a ser colonizada pelos portugueses no século XVI. A primeira, São Vicente, foi fundada em 1532. O desenvolvimento da região começou a partir da descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII. Em 1763, o porto do Rio de Janeiro, por onde escoava o ouro, passou a capital do Brasil. No início do século XX, a expansão da lavoura do café transformou São Paulo no maior centro econômico do Brasil.

METODOLOGIA

De acordo com dados obtidos na análise documental e com dados da pesquisa qualitativa com observações diretas, o estudo procura descrever o contexto geográfico  do Brasil quanto a inclusão digital e fazer uma triangulação entre os  dados documentais, cruzando com a realidade encontrada no cenário de implantação do projeto das casas digitais, com dados de uma  pesquisa qualitativa, com recortes de depoimentos.
O objeto do estudo vista apresentar novos caminhos por meio das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), para que assim seja possível vislumbrar soluções práticas que melhorem a vida do homem do campo e promovam o desenvolvimento territorial local nas diferentes regiões do pais de forma qualitativa.


A implantação do Projeto Territórios da Cidadania

Com o lançamento do Programa Territórios da Cidadania em 2008 MOURA (2010), pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tinha como principal ponto uma “estratégia de combate a pobreza”, nas zonas rurais de menor IDH do Brasil, o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), convocou os ministérios envolvidos com o programa e os movimentos sociais para que o projeto passasse a ser um ponto de encontro das ações do governo federal nas localidades mais distantes e excluídas das politicas sociais, todas, é claro com IDH baixo. A ideia deu certo. O próximo passo seria dialogar com os colegiados para a indicação das localidades onde seriam implantadas as casas.
O Norte do país foi uma das regiões mais difíceis de implantar o projeto em termos de logística e acesso as comunidades. Por outro lado, foi a maior demanda pelo projeto, além de ser a região de maior necessidade de politicas públicas e de maior carência de infraestrutura de transporte e comunicações.
O governo do estado, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e a Fundação Amazônia Sustentável foram parceiros fundamentais para a implantação do projeto.
A seguir, foi possível fazer chegar equipamentos e capacitação muito embora não tenha havido continuidade (sustentabilidade) em todas as localidades por falta de apoio ao projeto a partir da mudança dos gestores que apoiavam o projeto na região.

O Nordeste foi a região com maior interesse na implantação e aplicação do projeto. Apesar de muitas dificuldades de acesso as localidades, houve um interesse geral por conta dos agricultores e agricultoras em participar da chegada e funcionamento do projeto. Os governantes dessa região se mostraram bastante interessados e contribuíram desde a chegada até anos depois do projeto. A sustentabilidade nessa região se deu pelo fato da rede virtual criada pelos assentados e assentadas e também pela cobrança a seus governantes
A Universidade de Brasília - UNB foi a principal parceira do projeto nessa região. O fato de existir um curso de graduação de Educação do Campo na UNB incentivou aos alunos a participação e a sustentabilidade das casas digitais ali instaladas.
Na região sudeste a participação das Delegacias Federais do MDA foi fundamental. Os delegados e seus assessores participavam efetivamente do processo. A sustentabilidade também ocorre com a participação do poder público municipal.
A implantação do Projeto de Inclusão Digital passa também por um processo de articulação nas localidades onde será recebido cada projeto. Anterior ao processo físico de entrega e capacitação é necessário um período de ajuste com os parceiros locais para que tenhamos a certeza da sustentabilidade de implantação.
Em um processo democrático de participação popular, o projeto é apresentado ao colegiado territorial de cada estado e levado para que em assembleia seja apontada a localidade pelo colegiado.
A partir do acordo de Cooperação entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério das Comunicações os equipamentos, móveis e a antena GESAC para conexão eram entregues as prefeituras com destino ao Projeto Territórios Digitais.
Essa etapa é o diferencial do Projeto, uma vez apresentada a capacitação aos estados e territórios de forma a trabalhar no contexto de Educação do Campo e sustentabilidade, a informação, a educação e o conteúdo, o estado fica com a responsabilidade de construir e disseminar.
  As etapas e processos de implantação são universais para todas as regiões. Os passos de implantação do projeto de Inclusão Digital seguem exatamente essas etapas em todas as regiões do Brasil. Todas as etapas são acompanhadas pela equipe nacional, sediada em Brasília, mas supervisionadas pelas empresas locais contratadas pelo Ministério das Comunicações (MC). A Capacitação, última etapa, é de responsabilidade do parceiro local, sempre em diálogo constante com a equipe nacional.

1º etapa – preparação de infraestrutura física;
2º etapa – instalação da antena de conexão;
3º etapa – instalação de equipamentos;
4º etapa – implementação de recursos adicionais;
5º etapa – capacitação da comunidade.

Cada Casa Digital recebe os seguintes equipamentos, abaixo descritos.
10 Estações de trabalho (computadores), 01 servidor de informática, 01 impressora; 01 Roteador Wireless; 11 Estabilizadores, 01 Projetor Multimídia (Data Show); 21 cadeiras multiuso; 11 mesas para computador; 01 mesa para impressora; 01 mesa para professor; 01 armário abaixo; e 01 Ponto de Internet de Alta Velocidade em Banda Larga.
Após a chegada das máquinas e mobiliário há o planejamento da implantação. Esse planejamento é informado pelo MC e acompanhado a distância pela equipe nacional.
O diagnóstico das comunidades selecionadas é de responsabilidade do parceiro local, juntamente com o colegiado territorial e representante local do MDA. A responsabilidade de Definir cronograma (ordem) de comunidades atendidas e formalizar parcerias locais é da Equipe Nacional.
O detalhe do planejamento de cada implantação, considerando identidade e cultura local, de maneira aberta e integrada a cultura universal, é da responsabilidade tripartida: Equipe Nacional, comunidade local e parceiro local.
As próximas etapas são de responsabilidade do parceiro local, com orientação da Equipe Nacional para promover e acompanhar cada implantação. O Processo de capacitação é feito por módulos:

Primeiro módulo: Conhecendo a realidade
Segundo módulo: Formação dos multiplicadores de assentamento / comunidade.
Terceiro módulo: Construindo alternativas para conviver com o semiárido com a ajuda da cultura digital.
Quarto módulo:  Educação a Distância/ Intercâmbios Culturais e virtuais a partir da proposta de Educação do Campo.


A avaliação é um processo contínuo, participativo e democrático, envolvendo todos os sujeitos e momentos do processo educativo, primando pela superação das dificuldades, entraves e desafios surgidos no processo. A avaliação é feita por meio de várias ferramentas, uma vez que não foi desenvolvido ainda um único instrumento utilizado por todo o governo federal.

Os critérios avaliados foram os seguintes, sendo todo processo avaliado por meio de equipes em campo e descritas por meio de relatórios:

1- Avaliação contínua e cumulativa do desempenho dos multiplicadores com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventual avaliação.
Como impacto importante desse critério, a maior dificuldade ocorre pelo alto índice de analfabetismo nas comunidades, principalmente aquelas localizadas no norte e nordeste do país onde há uma diversidade cultural muito grande e/ou albabetização zero (número considerável).
2- Crescimento da pessoa como ser humano e convivência no coletivo.
Com base nos relatórios e a partir da formação com metodologia participativa e educação do campo, focando sempre no auto-diagnóstico feito pela própria comunidade e baseado no principio da coletividade e economia solidária, percebeu-se uma identificação de identidade muito forte, o que aumentou a auto-estima, principalmente dos jovens das comunidades.
3- Domínio e interação com os temas e áreas de conhecimentos estudados. Foram realizados encontros presenciais com toda a comunidade, com o objetivo de avaliar e planejar o funcionamento das Casas Digitais na perspectiva de ampliar as possibilidades de usar as tecnologias a serviço de melhores condições de vida no campo. Esse foi o ponto de maior sucesso devido a aplicação da metodologia e identificação do povo do campo com o planejamento e funcionamento das casas.
Esse tipo de avaliação descrita é feita de forma presencial, mas por meio de plataformas a distância são também ofertados pelo projeto os seguintes serviços de informação, comunicação e interação online:
· Correio eletrônico – o usuário envia e recebe mensagens de texto e arquivos com imagens e sons, participa de listas de discussão e armazena endereços de colegas ou comunidades em sua agenda.
· Lista de discussão – sistema de organização de mensagens que redireciona para os endereços eletrônicos cadastrados em listas todos os e-mails postados individualmente.
· Rau-Tu – serviço de atendimento que compartilha perguntas e respostas. Por meio dessa ferramenta, qualquer dúvida enviada pelos usuários é respondida pelos gestores do Gesac e especialistas.
· A Teia – área pública para a divulgação de idéias, notícias e projetos desenvolvidos na Comunidade IDBrasil  (esse espaço deixou de ser utilizado por todo o governo, a responsabilidade era do MC - http://www.idbrasil.org.br).
· Fichário – organiza a documentação de projetos, atividades, trabalhos e tarefas das comunidades por meio de um sistema de controle de alterações e inclusões de documentos.
· Escritório – área para organização de compromissos escolares ou profissionais. Pode armazenar endereços eletrônicos, telefones ou endereços físicos, com a possibilidade de troca de dados com outros usuários. É uma grande agenda virtual de compromissos que pode ser acessada de qualquer lugar.
· Pousada - espaço para a publicação de páginas da internet criadas por usuários. Com suas próprias páginas, as comunidades exercem o direito à comunicação e divulgam suas idéias ou produtos locais que ajudem no desenvolvimento social local.
· VoIP – conhecido também como voz sobre protocolo de internet, é recurso que permite a comunicação telefônica por meio da rede mundial de computadores.
· Multicast –para a transmissão de áudio e vídeo entre Pontos de Presença. Com essa ferramenta é possível comunicar-se por webconferência, de modo que os participantes possam ver uns uns aos outros em tempo real.
· Central de Documentos – permite o acesso dos usuários a todos os manuais que orientam sobre as ferramentas disponíveis no portal.

Essas ferramentas ajudam no processo de interação e são utilizados para o acompanhamento do processo de sustentabilidade do projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma a incluir o meio rural no mundo das Tecnologias da Informação e Comunicação, o Projeto Territórios Digitais proporciona a possibilidade de implementação de uma política pública de acesso a internet e a inclusão social.
O olhar diferenciado dos governantes sobre as diferentes localidades do país, não somente em termos de regiões, mas também em nível municipal e a participação popular são  fundamentais para o bom andamento da implantação e também do bom uso dos equipamentos públicos, considerando a constante intervenção do governo no sentido de incentivar a sociedade civil a uma maior participação.
Com a implantação e desenvolvimento do Projeto espera-se que os excluídos da possibilidade de aprendizado por meio do computador se transformem em descobridores de um novo mundo, com mais inclusão social e cidadania para uma vida melhor.
A ideia fundamental é construir uma sociedade mais crítica e participativa, que busca o conhecimento como forma de evolução sociocultural, promotora de mudanças. Nesse aspecto, se espera que o homem e mulher do campo obtenham a possibilidade de ampliar também os ganhos produtivos, na medida em que a internet apresenta novas formas de atuação, inclusive contribuindo com o conhecimento e aplicação de técnicas de cultivo e desenvolvimento agropecuário.



Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] Republica Federativa do Brasil.         Brasília, DF: Senado Federal.

BRASIL (2011). Estimativa Populacional 2011. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (01 de julho de 2011). Página visitada em 07 de dezembro de 2011.  Disponível na URL:

BRASIL (2010). Sistema de Informações Territoriais. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Secretaria de Desenvolvimento Territorial.  Disponível em http://sit.mda.gov.br. Acesso em 12 de junho de 2013.

PINHEIRO, T. S. M. ; MOURA, R. C. O. (2009). Digital Territories, a government strategy for digital inclusion in rural areas.. In: IFIP World Conference on Computers in Education, 2009, Bento Gonçalves - RS. WCCE 2009, 2009.

MOURA, R. C. O. (2010). Politicas de Fortalecimento da Agricultura Familiar como eixo de desenvolvimento sustentável: uma proposta de formação de multiplicadores abordando a importancia das Tecnologias da Informação e Comunicação dentro das áreas da Agricultura Familiar. Brasília: NEAD/MDA.

MOURA, R. C. O. (2011). Análise comparativa das metodologias aplicadas e proposta de ajustes e/ou formulação de metodologia de capacitação para a inclusão digital [Relatório de pesquisa].  Brasília: NEAD/MDA.






* Artigo apresentado durante o XII Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia
Instituto de Educação da UMinho, Campus de Gualtar - Braga. 11 - 13 de setembro de 2013.